sexta-feira, janeiro 11, 2008

Primeira contribuição - Ed Junior

O Edson Junior mandou um texto muito bom publicado no Setentia. Seu blog no Blogger está no link de seu comentário sobre Dorvisou. Aí vai o texto.


é preciso sabedoria na canalhice

Postado em November 5, 2007
Categoria cotidiano |

Resido num bairro razoável ou, quiçá eu possa dizer, tranqüilo, se eu for compará-lo a outros aqui desta capital. A rua na qual localiza-se minha residência é de modo geral muito pacata, não obstante a falta de um posto policial nas redondezas, exceto por um fato: o vizinho desgraçado que mora ao pé de nós.

Já aqui comentei en passant sobre o assunto. Trata-se de um sujeito que tem por hábito importunar os que moram por perto, especialmente mulheres e crianças, através de insultos verbais e, o mais cômico, processos judiciais sustentados por denúncias fantasiosas (eu, por exemplo, já fui mencionado num desses como "vagabundo", "vendedor de droga" etc.). Explico melhor. O sujeito, com os seus, sei lá, 50 anos, que se diz advogado, mas não usa terno, dispensa à vizinhança um tratamento que eu diria indébito, mesmo às pessoas mais sórdidas, mesmo em se tratando de outros vizinhos. Estes, em reposta mais que natural, xingam-no, esbravejam, lançam pedras em seu portão. O que faz então o nosso velhaco? Processa a todos por danos morais; a rua toda já consta em processos por ele abertos que, é claro, não dão nem darão em nada. Eu mesmo, polido que sou, há mais de um ano, já quis saltar o muro que separa a minha casa da dele para lhe mostrar a verdade, nada mais que a verdade, que habita abaixo dos seus pés. Fui felizmente impedido.

Ontem, o biltre aprontou mais uma vez das suas. Tardezinha, eu, em paz, dormindo, sou acordado por gritos vindos de fora a dizer "chega, chega". Num salto, saio da cama e vou ver o que há. De fronte à nossa residência mora uma família mui numerosa, negra, composta por membros bastante civilizados e outros nem tanto. Só chego à varanda a tempo de presenciar o final da ação, mas as fontes me informam: o senhor abjeto, a chegar em seu carro, dirige-se a uma mulher, mãe, da família referida, e diz algo como: "vou matar você, sua preta; vou chamar o Conselho Tutelar para você" etc. Mas o infeliz do nosso vizinho parece ter perdido de vez o juízo, pois o marido da ofendida lá estava, ao lado dela. Ato contínuo, o infausto teve a sua cabeça batida contra o seu próprio muro umas cinco vezes, o corpo espancado, o pescoço pisado e sei quê lá mais, o que resultou no seu sangue – ruim – espalhado pela calçada. Toda a rua aplaudiu o ato, em uníssono. Talvez seja o caso de reconhecer alguma razão naquele ditado que diz "aqui se faz, aqui se paga", ou coisa assim.

2 comentários:

Edson Junior disse...

Você é muito querida. Eu é que agradeço. Abraço e bom final de semana.

Sergio disse...

olá, Tina!

As vezes mesmo não querendo a gente passa dos nossos limites...pra voce ver que para a nao se fazer guerra nas basta um não querer.

um beijo e bom domingo

melhorou?

Maceió tá fervendo de calor..vou te enviar fotos