terça-feira, outubro 24, 2006

O Bardo Chaveirinho Enfezado, Dono dos Anos Sessenta: Bob Dylan

Já é tarde pacas e a gente aqui ainda tem que preencher papelada para submeter ao governo de maneira que os gastos da casa de convalescência para minha mãe sejam cobertos. Quatro mil dólares por mês. Essa merece a expressão : "Só fodendo".

Promessa é dívida. A crítica do Los Angeles Times foi tão bostífera que nem os nomes dos músicos escreveu. crítica do Los Angles Times

O carinha com certeza começou o artigo com ímpeto de proparoxítonas, deve ter dado um tapa na pantera ou no inalador de asma e acabou o artigo brocha como se tivesse dançado todos os ritmos da música dos EUA que Bob Dylan apresentou.

Este foi o show do ano para mim. Vamos a um show por ano. Ano passado foi o Green Day, muito bom, efeitos guerreiros assustadores. Explosões, negro e vermelho lembrando ora a anarquia ora o nazismo. O quê têm em comum Dylan e Billie Joe Armstrong é que os dois são chaveirinhos.

Os baby-boomers, todos nós nascidos no pós-guerra, entre 1945 e 1964, estávamos todos em estado de graça. Quietinhos, acostumados ou já surdinhos com som alto para caraleo, aturamos com politesse a banda que abriu pro Bob Dylan. Era uma banda que pode ser que tenha futuro. A cada música mudava de estilo, o que é típico de banda que não estabeleceu seu som próprio. Então era Pink, depois Guns&Roses, depois um Clapton, Nirvana, só uma musiquinha por gênero. Ainda bem que mantive minha boca fechada a tempo. A nova faxineira é miguxa da banda. :P

Quando a banda do Bob Dylan entrou e ele tomou o centro do palco, pensei que ele estivesse sentado ao teclado. Não. Estava era em pé mesmo. Depois do show, estudando vários vídeos vi que ele tem um corpo miúdo e uma cabeça enorme. Dizem que ele tem 1.67m. Acho que tá mais pra 1.62m que nem eu aqui. E fez uma dessas plásticas de jogar um produto dentro das rugas pra ficar bonito e seis meses depois faz repeteco. E os implantes dos dentes de cima ficaram jóia.

A banda foi a banda de rock mais acertada, mais sem-furos que vi até hoje. Impecável sem ser frígida. O que eles mandaram de blues passando pra boogie-woogie pra rock, jazz e assim por diante, era como um curso de música popular americana 101. Rolou de tudo. Country, slide guitar ( aquele lance de Pulp Fiction), Folk, rabeca, baixo acústico, a gaitinha do :mestre: fez duas aparições,uma em Just Like a Woman.

Dizem que suas mãos estão artríticas. Outros dizem que está com achaques da idade. O fato é que a "Tour Mundial" é curtinha e não vai a NYC ou Boston.

Como sempre, tem uns engraçadinhos que "não são viciados" e acendem um incenso pra lá de bandeiroso. Até parece que ninguém vai sacar o intento. Olhei e não vi nada. Devem ser daqueles que fumam todos os dias há quarenta anos.

O que me impressionou muito da platéia foi o número de pessoas incapacitadas, com uma ou duas muletas, cadeiras de rodas manuais ou elétricas. Nunca tinha visto tantos incapacitados em um show de rock/folk/blues. Os homens tinham cabelos grisalhos, do que lhes restava. As mulheres tinham cabelo tingido. Estavam sentadinhos mas balançavam freneticamente suas cabeças, a la heavy metal, até que paravam, talvez na lembrança da fragilidade da dentadura sem Corega©. Havia incapacitados gordos e magros. Um massa tipo leão de chácara irlandês estava bostejando sobre todos os shows do Dylan a que ele assitiu. Como dizia John Lennon, So what, so what, so fkng what?

Muitos dos meus amigos sempre me disseram que é raro ele cantar bem. Bob Dylan devia esstar super-inspirado só que com um Alzheimer's às revessas. Cantou muito bem e com voz firme as canções novas. As antigas parece que ele esqueceu as letras ou se emocionou, sei lá. Just Like a Woman pareceu realmente que ele estava emocionado. Só cantou cada terceira palavra e mudou o tom completamente. Ele gosta de fazer isso, é um desastre. Eu chorei. Lembrei-me do meu grupelho em volta de um livro de letras e acordes do Dylan, a gente cantando.

É difícil explicar para os que não conhecem a figura porquê ele é o gênio dono dos anos sessenta. Sua poesia é um amálgama de non-sense, listas de sentimentos, dadaísmo, quem se lembra da metalinguagem? Tudo isso com um ouvido para as palavras e rimas fora do costumeiro, para a corrente de pensamentos aleatórios, ou seja ou você entra na dele ou vai boiar até sempre.

Além dessas características, Bob Dylan lutou a vida toda com seus sentimentos extremos de bem ou mal ( maniqueísmo) sede de glória, espiritualidade que o levou duas vezes à palavra de Jesus, nesta última depois de quase morrer, de novo, foi beijar o anel papal e cantar Blowin' in the Wind.. Seu nome oficial é Robert Dylan. Tem uma filha de dez anos de um outro casamento, parece que estuda aqui na Grande Los Angeles.

Em seguida postarei os You Tubes que achei mais diferentes, talvez fora do alcance de muitos. Se um dia o Bob Dylan visitar o Brasil, vale a penar ver um músico e compositor de 44 anos de carreira, de folk a rock star, a jesus freak, a mais uma reinvenção de si mesmo.

Músicas antigas no show: Like a Rolling Stone, All Along the Watchtower, arranjo do Jimi Hendrix, Just Like a Woman, Highway 61, que é a pista que parte de Minnesota para o Mississippi Delta, terra do blues.

Este é um site oficial cuja grande vantagem é de mostrar as letras todas do Bob Dylan.
letras e vídeos

Já há alguns vídeos de shows desta tournê. No final do show sem firulas aparece esse super-olho em violeta com uma espécie de coroa em cima. Sei lá, camaradinhas, só com tapa da pantera. Vou deixar aqui alguns vídeos interessantes. Há mais no Universo Anárquico e no Anarchic Universe. Divirtam-se.

Estes são dowloads grátis e legais através da revista Rolling Stone.raridades do Bob Dylan

Esta reportagem da RS é muito; massa; demais. Ele simplesmente dá um foda-se às gravadoras, diz que o som do vinil era muito melhor e que os fãs têm mais que piratear. Juro pelo meu queixo triplo.
Bob Dylan fala



Forever Young para seu filho Jakob

Sarapara sua primeira esposa, pouquinho antes da separação do casal Disco excelente, Desire

Perdoem mas quem quiser ver "Blowin' In The Wind etc. e tal, visite o YouTube, falou gente fina? Só porque sou boazinha vou postar uma raridade, Bob Dylan e Joan Baez, sua namoradinha, cantando para meio milhão de pessoas no dia 30 de agosto de 1963. Bob Dylan e Joan Baez. O prato principal foi o Dr. Matin Luther King, Junior, com seu discurso "I Have a Dream." Mas isso é realmente pra outro dia.

Até a semana que vem, meus dez ou quinze leitores. Agradeço suas visitas. O Universo Anárquico fez um ano de vida semana passada. Semana que vem: new wave. Y1 ! E pra não dizer que fiquei por fora, parabéns a Apple e seu iPod. Tenho um totalmente encostado. Escuto música direto do som, mesmo. Viva o Uncle Steve, que vai me dar um MacPro.




4 comentários:

Tom disse...

Oi Tina,
Desculpe o meu sumisso. Estou muito envolvido num projeto pessoal meu e por isso sem tempo para postar e visitar os amigos.

Um forte abraço,
Tom

Anônimo disse...

Ola, Tina!

Caraca!! sensacional!!!..fiquei com inveja...da boa, claro...seguinte, critica ruim so vem de coisa boa....Hoje soube que vai ter Roger Waters no Rio dia 24 de março...eu ia agora lá, mas vou adiar...ja que nao tem pink floyd, vejo metade dele...rsrsrs...melhoras para sua mãe....e sua mão, como tá?

Um beijo

Anônimo disse...

Olá, Tina!

Bom fim de semana um bom voto amanhã e um beijo

Ane Brasil disse...

caraca, vc tem esse vídeo de 63?
Joan Baez!!!!
Caraca! caraca na enésima potência!
posta aí, please!
Sorte e saúde pra todos!